Conheço
essa história tão bem: a escola da dor. A dor foi me pegando aos poucos, me
trazendo para um lugar bem fundo, para a desesperança. Era um cão de rua, preto,
e sem nenhuma conotação de ser um bom cachorrinho. Ele me levou, como seu eu
não tive mais vida e me largou nunca buraco escuro, gélido, amargo pela vida e
o único sol, estava tão distante dos meus olhos. Esse mesmo cão, preto, me
levou durante cinco vezes ao mesmo buraco, mais escuro, mais sombrio, mais gélido
e de um amargor inigualável. Me senti sozinho, não conhecia ninguém, e a única
coisa que poderia fazer; era chorar. Um choro triste, pesado e de magoas tão
profundas. Só que durante esse pesadelo, tinha uma coisa que soprava no meu
ouvido. Acho que era uma voz, que sussurrava bem lentamente: “Olhe para luz!”.
Tenho certeza que era Deus me guiando, de uma forma tão pura e inocente, que
aquilo começou a fazer sentido para mim. A cada passo que eu dava, a cada
pedregulho que segurava e me levantava mais alto, eu via um pouco da luz que
vinha do céu. Era uma luz tão bonita, como se fosse um belo dia de sol nas
Paineiras. Subi, subi, subi muito, minhas pernas estavam cansadas, meu corpo doía
demais. Sempre que passamos por estes grandes desafios, nos deixam marcas,
feridas, dores e um arrependimento avassalador. Mas não pensava nisso, eu tinha
um único objetivo, que era pegar a luz do sol é pôr no meu bolso. Era um mimo?
Não sei. Mas era uma coisa linda de se fazer. Subi todos os degraus, e quando cheguei
lá em cima, vi que a vida era uma coisa tão bela, tão cheia de amor e tão
gratificante aos olhos das pessoas que conseguiram subir os buracos mais
profundos do que o meu. Felizmente tive alguns buracos: pequenos, médios e
grandes. Porém subi todos com uma força ímpar e um poder maior que supria o meu
coração. Será que era Deus que me levantou e me abençoou através de cada obstáculo
que surgia durante a jornada? Eu acho que era. A vida me ensinou a ser mais
humilde diante das pessoas. Eu tive todos os problemas inimagináveis, que
abalariam um coração de uma pessoa sem muita fé. Fazer duas operações de
coração, ter uma esposa falecida pelo câncer, ter uma depressão profunda, ter
dois acidentes vasculares cerebrais e um marca-passo. Mas, existem pessoas
piores do que eu, pessoas que precisam de uma ajuda valiosa e uma esperança que
só Deus pode dar. Eu aprendi a minha lição da maneira mais dura possível. Mas, hoje
sou uma pessoa abençoada e feliz. Tudo que faço na vida, faço para o meu próprio
bem. Sempre ando meus 10, 18, 24 ou 30 km pelas grandes trilhas da floresta da
Tijuca e faço academia. Isso me faz um bem tão grande e maravilhoso. Queria
poder ajudar muitas pessoas que precisam de uma força, para superar esses
obstáculos e essa falta de carinho dentro do coração.
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